Geração nem-nem cresce no Brasil e no Recife
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Foto: Guga Matos/JC Imagem |
Eles têm entre 16 e 24 anos. Nem estudam nem trabalham e dependem de assistencialismo para sobreviver
Sicleide
Oliveira tem 21 anos. É moradora do Alto do Progresso, em Nova Descoberta, Zona
Norte do Recife. Com três filhos, ela parou de estudar na 8ª série. Dedica o
dia a cuidar das crianças, com a ajuda da mãe, que vive do auxílio do Bolsa
Família. O pai atua na informalidade, faz bicos quando dá, e alguns familiares
ajudam a complementar a renda. Sicleide faz parte de um grupo que cresce em
todo o mundo e que particularmente vem chamando atenção no Brasil. É a chamada
“geração nem-nem”: nem estuda nem trabalha. No País, essas pessoas pertencem
principalmente às classes de baixa renda.
Na
capital pernambucana, representavam, em junho, 26,6% da população entre 16 e 24
anos. São 145 mil jovens totalmente fora do mercado de trabalho. Há dez anos,
esse percentual era de 25,2% (148 mil). A taxa no Recife para o período supera
a média de 19,4% observada nas seis localidades pesquisadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Mensal de Emprego
(PME). Além do Recife, também são avaliadas Salvador, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Alguns
especialistas já falam da “geração nem-nem-nem”. Quando se avalia a fatia de
jovens que nem trabalha, nem estuda e nem procura emprego, o percentual,
segundo o IBGE, fecha em 22,2% no Recife e em 14,7% na média das seis
localidades pesquisadas pela PME. Em 2003, esse número era de 18,6% e 14,5%,
respectivamente.
Num
país em que os empresários reclamam que não conseguem preencher vagas por falta
de mão de obra qualificada, a situação soa até como um paradoxo. O cenário em
que sobra oferta de emprego é o mesmo em que sobra gente que não trabalha nem
estuda e, portanto, tem poucas perspectivas de futuro.
De
cada 100 empresários brasileiros, 68 reclamam da escassez de talentos. O número
é bem acima dos 35% registrados na média mundial da Pesquisa Anual Sobre
Escassez de Talentos 2013 do ManpowerGroup, realizada com quase 40 mil
empregadores de 42 países e territórios. O Brasil só fica atrás do Japão (85%).
Nas Américas, de um modo geral, as vagas com maior dificuldade de preenchimento
são as técnicas, que deveriam ter justamente o jovem como maior foco.
O
desemprego juvenil preocupa e coloca em xeque o futuro econômico do País. Numa
população que passa por uma grande transformação demográfica, que tem cada vez
mais idosos e mais jovens que demoram para entrar no mercado, especialistas
enfatizam que é preciso romper esse ciclo.
JC Online
