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Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem |
A chuva que desabou durante todo início de noite no Recife foi o prenúncio de que o reencontro da torcida e do time do Náutico com o estádio dos Aflitos seria complicado. Mesmo com o clima de festa e o bonito uniforme confeccionado especialmente para o jogo, o timbu perdeu para o Avaí por 1×0 na noite desta terça-feira (27) e caiu para o 16º lugar, estacionado nos oito pontos.
O Náutico fez o que dele se esperava. Tentou impor um ritmo mais veloz embora o gramado dos Aflitos não seja o piso adequado para isso, ainda mais para um time que não tem o hábito de treinar naquele campo. O problema é que na hora de servir alguém, os atletas timbus usavam e abusavam dos cruzamentos, fundamento complicado quando não se tem um centroavante de ofício para, ao menos, fazer o pivô.
De seu lado, o Avaí procurava mais as jogadas pelo meio, mesmo congestionado, principalmente com Cléber Santana. O primeiro lance de perigo veio dos alvirrubros aos quatro minutos num chute de Geovane de fora da área. Vágner mandou a escanteio. A resposta catarinense veio em dose dupla: numa já citada jogada pelo meio da defesa vermelha, Heber mandou uma bomba e Alessandro defendeu. No rebote foi a vez de Paulo Sérgio arriscar e o zagueiro Leonardo Luiz completar o serviço de seu goleiro.
O time da casa tinha dificuldade de entrar na área justamente pela falta de um camisa 9. Nem precisava ser aquele jogador grandalhão, muitas vezes não tão veloz, mas que sabe jogar de costas para o gol. Faltava alguém para ocupar aquele setor. Tanto Geovane quanto Leleu procuravam os lados do campo e nenhum dos dois meias – Marcos Vinícius e Vinícius – postavam-se no meio da zaga. Sem ninguém para marcar, os defensores do Avaí podiam sair para marcar mais longe da área e forçavam os laterais a rifarem a bola para a área.
O Avaí, vendo isso, passou a explorar o espaço deixado por Rafael Cruz e Raí. Aos 29 minutos Tinga tabelou com Heber e cruzou da linha de fundo. Paulo Sérgio adiantou-se a Rafael Cruz e cabeceou frente a frente com Alessandro. Não havia qualquer possibilidade de defesa. Apenas três minutos depois a investida foi pelo lado esquerdo. Eltinho cruzou e Paulo Sérgio, que fazia o papel que o Náutico não tinha, completou por cima. Nos últimos cinco minutos, os alvirrubros ensaiaram uma pressão e obrigaram Vágner a trabalhar em chutes de Leleu e Marcos Vinícius.
O Náutico voltou para o segundo tempo com um jogador de área. Careca veio no lugar de Geovane. E se o time abusou dos cruzamentos sem ninguém para recebê-los na primeira etapa, duplicou esse abuso no segundo tempo. Nos quatro primeiros minutos foram quatro cruzamentos: dois de Raí, um de Rafael Cruz e outro de Leleu. Apenas um chegou onde deveria. Raí mandou para Careca, que girou e chutou para fora.
O Avaí adotou a esperada tática de só atacar na boa, mas não utilizou de tanta velocidade assim. E chegou bem perto aos oito. Marrone cruzou da direita e a bola foi encontrar Heber sozinho no lado esquerdo da pequena área. Mesmo sem estar pressionado, mandou uma bomba por cima. O abuso de jogadas pelos lados praticamente anulou o meio. Criou-se um vazio no setor, que facilitava o jogo do Avaí. Os volantes saíam jogando praticamente sem marcação.
De tanto tentar, e errar, o lateral-esquerdo Raí caiu em desgraça com a torcida. A cada tentativa do camisa 6, muxoxos em alto e bom som. E o time finalizava menos do que no primeiro tempo. Não havia outro jeito a não ser arriscar tudo. Sidney Moraes tirou um apagado Marcos Vinícius para acionar Renato. E Raí saiu para dar lugar a Paulo Júnior. Leleu ocupou o lado esquerdo do campo.
Não mudou muita coisa. O Náutico continuava sem criatividade no meio e presa fácil da marcação dos catarinenses. Para piorar, o time visitante começou a contra-atacar no vácuo deixado no lado esquerdo da defesa pernambucana. Aos 27, Heber cruzou muito forte e Paulo Sérgio não alcançou. Quatro minutos depois o mesmo Heber passou por William Alves e mandou para fora. Mesmo perdulário, o time de branco não foi castigado. O castigo ficou para os timbus por insistirem num modelo de jogo não tentarem fazer diferente.
Ficha de jogo
Náutico: Alessandro, Rafael Cruz, William Alves, Leonardo Luiz e Raí (Paulo Júnior); Dê, Elicarlos, Vinícius e Marcos Vinícius (Renato); Leleu e Geovane (Careca).Técnico: Sidney Moraes.
Avaí: Vagner; Marrone, Pablo, Antônio Carlos e Eltinho (Abuda); Eduardo Neto, Tinga (Diego Jardel), Júlio César e Cléber Santana; Paulo Sérgio e Heber (Anderson Lopes). Técnico: Raul Cabral (interino).
Local: Aflitos. Árbitro: Paulo Sergio Santos Moreira (MA). Assistentes: Sandro do Nascimento Medeiros e Cícero Romão Batista Silva (ambos MA). Gols: Paulo Sérgio, aos 29 do primeiro tempo. Público: 9.030. Renda: R$ 226.950.
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